domingo, 28 de abril de 2013

Algo sobre às 03:36.

Algo sobre como as horas se arrastam, e como o pensamento passou a ser o veneno mais traiçoeiro da face da Terra dentro desse quarto.
Algo sobre fuga, tempo, e espaço.

Algo sobre as estrelas.
Algo sobre Cobain e Blake.

E sobre como isso deve fazer sentido só dentro da minha cabeça.

Sobre explosões, e cometas.
E como a Lua nasceu brilhante essa noite.

Algo sobre ter 17 anos, e estar exatamente onde queria estar.
Ou esperava estar.

Ou gostaria de estar.
Fazer parte.
Se sentir parte.

Algo sobre ter acordado no meio do quarto vermelho, repleto de fumaça.
O incêndio.
Algo sobre ser o incendiário.

Algo sobre como escapar.
Sobre fuga, tempo, e espaço.

Sobre algo.
Apenas, ser,
algo.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Fumaça.

Você se apaixona pela fumaça, você consegue inspirá-la e fazer dela inspiração. Sua visão embaça, e você não precisa de nada além de estar na presença dela. Você não precisa vê-la, tocá-la, senti-la. Você não precisa de nada, você está apaixonado por ela, não é?

Sim, você está.
Até ela acabar com cada parte do seu ser, você está apaixonado. Até ela te deixar no escuro, você continua apaixonado.

Até você tentar agarrá-la com as mãos, e com todo o seu ser.
Até você se asfixiar, e deixá-la sufocá-lo.
Até ela te matar.

Você esteve apaixonado.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quase onze, do(s)e, e o fim.

Havia se apaixonado por todos aqueles erros. Quase onze.
Por todos os pensamentos sujos, e toda culpa que houvesse em seu coração. Se apaixonou primeiro pelos olhos, depois pela ponta dos dedos. Se apaixonou pelas historias, e pela tristeza contida em sua voz. Se apaixonou pelo tom, e pelo jeito que sorria. E o olhar... ah aquele olhar.
Se apaixonou pela violência, e pela força que fazia para amar. Os poucos momentos. Se apaixonou pelas marcas, e pelo jeito que as deixava.
Se apaixonou pelo gosto mentolado depois de um trago. Se apaixonou pela marca do batom na borda do copo, e pela forma que o rum descia com tanta facilidade depois de tantas doses. Quase doze.
Se apaixonou pelo conjunto de mulher, o pecado. Se apaixonou pelo caos, e fez de si próprio moradia para ele, e para ela.

Se deu conta disso, e despertou.

Não era um pesadelo, não era um sonho bom.
Mas talvez fosse bom demais para ser verdade.

E não era.

domingo, 14 de abril de 2013

.

Eu não podia deixar que o meu amor, e a minha razão de continuar se encontrassem. Não podia deixar que se destruíssem,
me destruíssem.

Nos destruíssem.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

I've seen enough, 23.

Ah, eu já vi demais por hoje.

Teu riso desaforado ecoa na paredes do quarto, e o vermelho na parede, não é mais a cor do teu batom preferido.

Eu já vi demais por hoje.

Teu sorriso cínico e amarelado não carrega nada além de malícia e maldade, suas mãos não mostram o contrário, o toque frio, a pele quase morta.

Eu já vi demais por hoje.

Eu não sei mais onde está e nem quero procurar. O cabelo desbotado agora não brilha mais sobre os lençóis, e a tua vida, vaga por entre esses quartos apagados. Já passou das 23.

Eu já vi demais por hoje.

A cama do hospital agora está vazia, os olhos estão fechados, e o perfume tão singular, tão familiar, não faz mais parte do ar.

Eu já vi demais por hoje, e não quero mais te ver.

E não vou.

Eu não vejo.