Teus olhos claros, me fizeram pensar na gente. Me fizeram pensar no jeito que você olhava emburrada quando não gostava de alguma coisa, ou quando só se sentia ameaçada; me fizeram lembrar do teu medo.
Teus olhos claros me fizeram lembrar de quando leu: "Ela apertou os lábios contra os dele tão forte, que os dentes começaram a se espremer. Nenhum dos dois reclamou da dor" e quando terminou, tentou fazer igual. Eu não reclamei da dor, não naquele momento, não enquanto eramos personagens de um conto fantástico. E eramos os meus preferidos, sabia?
Teus olhos claros, sempre ficaram mais bonitos a meia luz. Luz que vinha do abajur, aquele que você sempre jogava no chão enquanto brigávamos, afinal, ele é "uma violação ao bom gosto" e "uma das tranqueiras que você gosta de ter". Ele nunca parou de funcionar, a luz nunca deixou de se acender, e o seu rosto, continuava iluminado enquanto dormia.
Teus olhos claros, são seus, e eu ainda posso jurar que os vi hoje.
Não era você, mas queria que fosse.
Não eram os teus olhos; se desfizeram.
Não era você; e eu ainda te via em algum lugar.
Nos olhos claros,
que já não estavam mais ali.