segunda-feira, 29 de outubro de 2012

IN COMA.

A inércia fixa o corpo sem vida preso ao leito já frio e esquecido há tempos. Os olhos não se abriam, e não era possível sentir parte alguma do corpo naquela altura. Os joelhos estavam ralados, os braços doloridos, as mãos já não mexiam mais um sequer dedo. Mas o que mais doía, era sua cabeça. Estava atordoada, já que o sistema motor não respondia as ordens que lhe eram dadas, o sistema nervoso trabalhava o dobro, ou até mesmo o triplo. Estava em pânico. E ninguém podia ver. Ela havia perdido tudo. Não tinha nada. Não fazia parte de nada. Não era nada.

Não mais.

Os anos passavam como passam os carros, um milésimo antes de acertar alguém. Aquilo queimava. E tudo girava em sua cabeça. Os olhos ainda estavam fechados, e o corpo frio e inerte. Eram criados redemoinhos de fogo, eram criadas cenas das quais lutava para deixar. Nasciam alucinações, e ela nada podia fazer. Os olhos permaneciam fechados, e o corpo que por dentro tanto queimava, por fora não possuía sinal algum de reação. O que ninguém sabia, era que estava sonhando. Mas na verdade, sonhando acordada. Aquilo era um sonho desperto. Ela era uma sonhadora desperta, e não fazia ideia do que isso poderia significar.

Alguns malditos fios à prendiam a isso, e ela não sabia até quando poderia suportar.

Por fora, ainda parecia estar dormindo, era dona de uma expressão quase serena, mas por dentro, pode ter certeza, ela enfrentava cada um dos seus nove círculos infernais.

    And still it's not enough - save yourself and demonize us.

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